Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, a fertilidade humana depende de fatores muito além do sistema reprodutivo. A saúde bucal, embora frequentemente ignorada nesse contexto, tem um papel relevante e comprovado nas taxas de concepção e nos desfechos gestacionais. Infecções periodontais, como gengivite e periodontite, provocam inflamações sistêmicas que podem interferir nos hormônios reprodutivos, na qualidade do endométrio e até na saúde embrionária.
A cavidade oral é uma porta de entrada para bactérias que, ao atingirem a corrente sanguínea, liberam substâncias inflamatórias capazes de influenciar negativamente outros órgãos. Quando a inflamação se torna crônica, o corpo entra em um estado de alerta constante, o que altera o funcionamento hormonal e afeta a capacidade reprodutiva de homens e mulheres.
Da boca ao sistema reprodutor: conexões invisíveis, impactos reais
As doenças periodontais são causadas por bactérias que se acumulam na gengiva e nos tecidos de suporte dos dentes. Essas bactérias liberam toxinas que provocam uma resposta inflamatória local. De acordo com Tosyn Lopes, essa resposta não se limita à boca: citocinas inflamatórias, como a interleucina-6 e o fator de necrose tumoral (TNF-alfa), entram na circulação e afetam tecidos distantes, inclusive o endométrio e os ovários.

Esse processo inflamatório pode levar à diminuição da produção de hormônios sexuais, à alteração da ovulação e à dificuldade de implantação embrionária. Em homens, a inflamação sistêmica afeta a espermatogênese, reduzindo a concentração e a motilidade dos espermatozoides, além de aumentar o estresse oxidativo, o que compromete a integridade do DNA espermático.
Gravidez e riscos associados a infecções bucais
A presença de doenças periodontais durante a gestação também representa um risco significativo para a mãe e o bebê. Pesquisas apontam que gestantes com periodontite têm maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, parto prematuro e recém-nascidos com baixo peso. Oluwatosin Tolulope Ajidahun explica que isso reforça a importância de tratar essas infecções ainda no período pré-concepcional, quando é possível intervir de forma segura e eficaz.
A inflamação periodontal pode, inclusive, estimular a liberação de prostaglandinas, substâncias que podem induzir contrações uterinas precoces. Além disso, o aumento da carga inflamatória interfere no delicado processo de formação placentária, afetando a nutrição e o crescimento fetal.,
Cuidado odontológico como parte do planejamento familiar
A boa notícia é que a maioria das doenças periodontais pode ser prevenida com medidas simples, como escovação correta, uso diário do fio dental, alimentação equilibrada e consultas regulares ao dentista. Em clínicas de reprodução assistida, a avaliação odontológica tem sido cada vez mais incorporada aos protocolos de preparação, especialmente em casos de infertilidade inexplicada ou falhas recorrentes de implantação. Tosyn Lopes comenta que esse olhar multidisciplinar é uma estratégia inteligente, eficaz e muitas vezes decisiva.
Tratar a gengivite ou periodontite antes da concepção não apenas melhora os indicadores de saúde bucal, mas também reduz marcadores inflamatórios sistêmicos, contribuindo para a regularidade hormonal e a melhora do ambiente uterino. Ademais, a orientação durante o pré-natal ajuda a evitar complicações futuras, promovendo uma gestação mais segura e tranquila.
Um gesto de prevenção que amplia as chances de sucesso reprodutivo
Oluwatosin Tolulope Ajidahun elucida que, ao integrar o cuidado odontológico à avaliação da fertilidade, é possível antecipar riscos silenciosos e melhorar o prognóstico reprodutivo de maneira acessível e não invasiva. Pequenas inflamações na gengiva podem parecer insignificantes, mas, ao se tornarem crônicas, comprometem funções vitais e afastam casais do sonho de formar uma família.
A fertilidade é o reflexo do equilíbrio do corpo como um todo. Ao cuidar da boca, cuida-se também dos hormônios, do útero, dos gametas e do futuro bebê. É hora de quebrar o mito de que os dentes não têm relação com a concepção e reconhecer que o sorriso saudável pode, sim, abrir caminho para uma gestação de sucesso.
Autor: Nikolay Sokolov
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