Conforme o tributarista Leonardo Siade Manzan destaca, a crescente complexidade das transações digitais, especialmente com criptoativos, tem gerado debates significativos no campo do direito tributário. Com a crescente adoção de criptomoedas por empresas, inclusive no setor de energia, evidencia-se a urgência de diretrizes normativas claras. A insegurança jurídica resultante da ausência de regulamentação específica pode comprometer a arrecadação fiscal, a inovação e o desenvolvimento econômico sustentável.
Diante disso, torna-se essencial discutir os desafios, impactos e caminhos possíveis para uma legislação eficiente sobre o tema. Veja mais, a seguir!
O que são criptoativos e por que precisam de regulamentação específica?
Criptoativos são representações digitais de valor, baseadas em blockchain, que vêm sendo amplamente utilizadas em operações financeiras e comerciais. A ausência de uma classificação jurídica única, que os defina como moeda, ativo financeiro ou mercadoria, dificulta a aplicação uniforme de regras tributárias. Essa ambiguidade compromete o cumprimento de obrigações fiscais e abre margem para interpretações conflitantes entre contribuintes e autoridades fiscais.
Adicionalmente, o tratamento tributário dessas operações ainda depende de interpretações esparsas de normativos da Receita Federal, como a Instrução Normativa nº 1.888/2019. Conforme aponta Leonardo Siade Manzan, a falta de uma estrutura legislativa sólida não apenas expõe os contribuintes ao risco de autuações, mas também afeta o desenvolvimento de projetos inovadores que utilizam criptoativos como base tecnológica.

Quais os principais desafios tributários enfrentados por investidores e empresas?
O primeiro desafio é a identificação da natureza da operação realizada com criptoativos: compra, venda, permuta ou mineração. Cada uma dessas modalidades possui implicações fiscais distintas, e sua análise exige conhecimento técnico-jurídico aprofundado. Segundo Leonardo Siade Manzan, é comum que empresas do setor de tecnologia ou energia, ao utilizarem ativos digitais, encontrem dificuldades para enquadrar corretamente suas transações, gerando dúvidas quanto à incidência de IR, PIS, COFINS, entre outros tributos.
Além disso, a ausência de uniformidade nas interpretações fiscais gera insegurança para investidores que atuam de forma regular e transparente. Operações com criptoativos muitas vezes envolvem múltiplas jurisdições, o que aumenta a complexidade na apuração e no recolhimento dos tributos devidos. Isso reforça a importância da atuação de escritórios especializados, que oferecem assessoria técnica qualificada e estratégias de compliance fiscal voltadas para esse novo ambiente digital.
Como a regulamentação pode contribuir para o crescimento econômico e a inovação?
Uma regulamentação tributária clara pode impulsionar a inovação ao oferecer segurança jurídica para startups, investidores e grandes empresas que utilizam criptoativos como meio de pagamento ou como parte do modelo de negócios. De acordo com Leonardo Siade Manzan, a transparência normativa estimula o ambiente de negócios, favorecendo a atração de investimentos e a formalização de operações digitais.
Por outro lado, a falta de regulação inibe a atuação de empresas brasileiras, que buscam segurança jurídica para operar em conformidade com a legislação. Sem regras claras, há risco de sanções, autuações e disputas judiciais que podem ser evitadas com a implementação de políticas tributárias modernas e adaptadas à nova realidade tecnológica. A participação de especialistas nesse processo é essencial para o desenvolvimento de um marco legal equilibrado e eficaz.
Em suma, Leonardo Siade Manzan destaca que a regulamentação clara e específica da tributação de criptoativos é essencial para garantir segurança jurídica, fomentar a inovação e ampliar a arrecadação fiscal de forma eficiente. A construção de um marco legal sólido depende do diálogo entre setor público e especialistas, sendo indispensável para o desenvolvimento sustentável da economia digital no Brasil.
Autor: Nikolay Sokolov