Guilherme Guitte Concato explica que a reforma tributária em discussão no Brasil traz mudanças estruturais que afetam diretamente empresas de médio porte, segmento responsável por boa parte da geração de empregos e da arrecadação nacional. A proposta busca simplificar o sistema, unificando tributos e reduzindo a burocracia, mas sua implementação exige adaptação administrativa, tecnológica e financeira. Para empresas desse porte, o desafio é equilibrar custos de transição e oportunidades de eficiência a longo prazo.
Simplificação tributária e novos modelos de apuração
O atual sistema tributário brasileiro é considerado um dos mais complexos do mundo. Com a reforma, a criação de um imposto sobre valor agregado (IVA), que deve substituir tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS, promete simplificar o recolhimento e reduzir a sobreposição de regras. Essa unificação trará maior clareza ao processo de apuração, permitindo que empresas gastem menos tempo e recursos em conformidade fiscal.
Contudo, Guilherme Guitte Concato ressalta que empresas de médio porte precisarão rever processos internos, adaptar sistemas contábeis e capacitar suas equipes para lidar com o novo modelo. A transição exigirá investimentos em tecnologia e treinamento para garantir o cumprimento das novas obrigações de forma eficiente.
Efeitos sobre o fluxo de caixa e precificação
Um dos impactos mais imediatos da reforma está no fluxo de caixa. O novo modelo prevê a cobrança dos tributos no destino, ou seja, no local de consumo, o que modifica a dinâmica das operações interestaduais. Essa alteração poderá afetar o planejamento financeiro, especialmente em empresas que possuem filiais em diferentes estados.
Ademais, o sistema de créditos do IVA permitirá compensações mais amplas, o que tende a reduzir o custo efetivo para quem opera de forma regular. No entanto, será necessário ajustar políticas de precificação para refletir corretamente as novas bases de cálculo e as possíveis variações nas alíquotas.

O papel da digitalização na adaptação empresarial
A digitalização será um dos pilares para a adaptação bem-sucedida à reforma. Guilherme Guitte Concato sugere que ferramentas de automação fiscal, sistemas integrados de gestão e plataformas de controle tributário serão fundamentais para garantir precisão nos cálculos e transparência nas operações. Empresas que já utilizam tecnologias de compliance digital terão vantagens competitivas no processo de transição.
A integração entre departamentos (contábil, jurídico e financeiro) também será essencial. O novo modelo exige uma visão unificada das informações fiscais, reduzindo inconsistências e facilitando auditorias internas e externas. Investir em ferramentas de análise de dados poderá ajudar gestores a projetar cenários e identificar oportunidades de otimização fiscal.
Riscos e oportunidades no período de transição
O período de transição entre o sistema atual e o novo modelo pode se estender por vários anos. Durante esse tempo, empresas terão de conviver com regras sobrepostas, o que aumenta a complexidade operacional. A gestão cuidadosa dessa fase será determinante para evitar erros e autuações.
Por outro lado, Guilherme Guitte Concato frisa que a reforma representa uma oportunidade para repensar a estrutura tributária e modernizar a gestão. A simplificação de tributos deve reduzir custos administrativos, melhorar a previsibilidade e aumentar a competitividade. Empresas que se anteciparem às mudanças poderão aproveitar incentivos e posicionar-se de forma mais estratégica no mercado.
Perspectivas para as empresas de médio porte
As empresas de médio porte estão no centro da transição tributária e, portanto, precisam agir de forma proativa. A atualização de processos, o investimento em tecnologia e o acompanhamento constante das regulamentações serão fundamentais para garantir conformidade e eficiência.
A médio prazo, espera-se que a simplificação traga ganhos de produtividade e maior segurança jurídica. No entanto, Guilherme Guitte Concato infere que o sucesso dependerá da capacidade de adaptação e do planejamento estratégico de cada organização. A reforma tributária, embora desafiadora, representa um marco de modernização que pode impulsionar a competitividade e a sustentabilidade das empresas brasileiras. Ao final do processo, companhias mais preparadas colherão os benefícios de um sistema fiscal mais simples, previsível e integrado ao cenário econômico global.
Autor: Nikolay Sokolov