Produtores relatam perdas de até 50% na região de Curitiba; excesso de umidade facilitou doenças e elevou preços.
Diferentemente das principais culturas do estado, as hortaliças registraram grandes prejuízos causados pelas chuvas dos últimos dias no estado.
O efeito das últimas chuvas é visível no campo: terra úmida, compactada, que ainda não absorveu todo o volume de água.
Em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, a família Gasparin planta orgânicos desde 1999. Colhem em média 50 mil unidades de alface, brócolis, repolho e espinafre todo mês.
As mudas de alface americana, por exemplo, não estão suportando tanta chuva.
“Esse é o lote de alface americana. A chuva e falta de sol fazem com que ela suba, fique fechada e não fique redonda”, mostra o agricultor Elisson Gasparin.
O produtor explica que a umidade também favorece a aparição e desenvolvimento de doenças e bactérias nas raízes.
Ele conta que tentam evitar os danos com preparos específicos para orgânicos, mas não tem sido o suficiente. “Com 50 mm de chuva acaba perdendo a eficiência do produto”, declara.
A alface é mais suscetível aos transtornos causados pela chuvarada, mas não é a única. O brócolis também sofre.
“Quando forma a cabeça, você tem dois a três dias para colher o brócolis se não ele acaba passando. É tão rápido que pode dar doenças e você acaba perdendo”, explica.
No limite entre as cidades de Colombo e Almirante Tamandaré a situação se repete. A família Cavassin tem horta para consumo próprio e lavoura para comercialização de produtos.
O agricultor Pio Cavassin conta que o local ficou tomado pela água: “praticamente meio metro de água”.
O forte da produção nessa propriedade também são os hortifrutis: alface, brócolis, repolho, espinafre, alho e cebola. Ele mostra a alface: “ela está perdida. Até a raiz já apodreceu”.
Para compensar as perdas, agricultores como o Pio acabam aumentando um pouco o preço dos produtos, mas dependendo do tamanho dos estragos, no fim das contas, o prejuízo acaba sendo inevitável.
Na Ceasa de Curitiba, a queixa se repete, entre os produtores.
“É muita umidade, estraga principalmente as abobrinhas, vagem. Até acabou antes do tempo”, comenta a produtora Márcia Ferreira. “Dá uns 50% de estrago”, aponta o agricultor Vatenir Braine.
Nas últimas duas semanas, a alface crespa dobrou de preço na capital: na quarta-feira, a unidade era vendida a R$ 1,66. “Vagem, tomate, pimentão, abobrinha, chuchu, todos eles estão com preços consideravelmente elevados.
Com excesso de chuva, além de os agricultores encontrarem dificuldades para efetuar o plantio, tem também a dificuldade na produção.
A previsão é que para novembro haja uma certa escassez por conta do atraso no plantio”, explica o técnico em comercialização da Ceasa, Evandro Pilati.